Depois de um 2014 difícil, mercado erótico aposta em "50 tons" para se recuperar
O ano de 2014 não foi fácil para o mercado erótico brasileiro. Foi a expectativa do lançamento do filme "50 Tons de Cinza", no último trimestre do ano, que alavancou o crescimento de 8,5% do setor. Ainda assim, a expectativa do mercado era de um crescimento de dois dígitos.
"2014 não foi fácil para o mercado erótico, mas não foi fácil para ninguém. O Dia dos Namorados ter caído justamente na abertura da Copa do Mundo refletiu nos números. Foi o pior Dia dos Namorados da década", afirma Pula Aguiar, presidente da Abeme (Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual).
Elizabete Souza, da marca Loka Sensação, de produtos alimentícios eróticos, sentiu o baque no faturamento. "Ano passado, nós tivemos muito feriados. O pessoal comprou menos. Em 2015, estou pensando em abrir o leque e não vender só para distribuidores", explica.
Marília Sequeira, da marca Adão e Eva, também pretende repensar sua estratégia este ano. Mas o motivo é outro: o aumento expressivo do dólar. "Nós temos uma fábrica nacional, mas importamos muita coisa, como anéis penianos, vibradores, masturbadores, entre outros. Provavelmente, vamos focar mais em produtos que conseguimos fabricar no Brasil e diminuir a importação", explicou.
"A não ser que haja uma mudança, vai ser o ano do produto nacional no Brasil. A industria nacional está investindo bastante, principalmente nos cosméticos, que é o que mais vende no País", afirma Paula.
Elizabeth já nacionalizou a fabricação de uma das suas principais matérias-primas, o jambu. "Estou com uma parceria com um produtor que há dois anos tenta extrair o jambu aqui no Brasil."
Segundo a Abeme, a expectativa é que o crescimento de 8,5% se mantenha em 2015. "Sabemos que também não vai ser um ano fácil."
"50 tons" ainda é a aposta de 2015
A estreia do filme "50 Tons de Cinza" continua sendo a aposta do mercado erótico para 2015. "O sexo ainda é um tabu. Mas os livros e o filme abriram um pouco a cabeça das mulheres", afirma Suellen Ferreira, assessora de marketing da marca A Sós, que tem uma linha especial para fetiches.
André Catelan, fundador do sex shop Castelo de Prazeres, conta que artigos como algemas, vendas e coleiras, que antes ficavam esquecidos, estão em alta este ano.
Segundo dados da Abeme, 63% dos empresários aumentaram sua linha de produtos sadomasoquistas ou de fetiches depois do lançamento do filme. As vendas desses itens cresceram 28% em relação a 2013.